quinta-feira, novembro 04, 2010

A crise chegou ao BTT

Best Blogger Tips

Segundo diversas fontes, o BTT não sofreu economicamente com a crise. O número de praticantes continua a aumentar e estes têm, cada vez mais, critérios exigentes na escolha das suas bikes e acessórios. Pelo que tenho visto, são poucos os que começam com uma bike de gama baixa e de marcas “brancas”. Basta observar as bikes que vemos nos passeios de hoje em dia e comparar com as que víamos há poucos anos. Mas não é dessa crise que vos vou falar hoje. A crise chegou ao BTT, não na qualidade das bikes, mas na qualidade dos betetistas (na minha opinião, é claro). Não sou praticante de BTT há muitos anos, comecei em 2002, mas nestes 8 anos tenho assistido a mudanças “radicais” nas características dos betetistas. Quando comecei, fi-lo porque, além de gostar de bicicletas e desporto, sou um amante da natureza e do “ar livre” e encontrei no BTT um “escape” para o stress da semana de trabalho. Nessa altura, os passeios de fim-de-semana eram “comandados” pelos mais experientes e eram sempre acompanhados dos famosos “conselhos de segurança” e “regras de boa conduta no monte”. Quem estava a iniciar-se na prática do BTT, aprendia as regras básicas de segurança (sua e dos outros) e aprendia a respeitar a natureza e os outros betetistas. Infelizmente, hoje em dia, quando vou para um passeio organizado assisto, cada vez mais, a um total desrespeito por todas essas regras.

A saber:

  • Desrespeito pela natureza: É comum encontrar lixo espalhado pelos trilhos, como se desse muito trabalho guardar os invólucros dos reforços líquidos e sólidos na mochila. Deve ser do peso. Temos que pedir aos fabricantes de barras de cereais, isostar, etc. para começarem a fabricar invólucros em carbono.
  • Desrespeito pelos outros betetistas: É normal que nem todos gostem, nem estejam bem preparados para as subidas, assim como é normal que nem todos gostem de descer “a todo o gás” ou, simplesmente, sejam mais cuidadosos com o seu “corpinho” e as suas bikes. O que não é normal é que estes betetistas não respeitem os ritmos e os gostos dos betetistas com quem partilham os trilhos. Se não têm pernas para subir, ou se o pé saiu do pedal e já não conseguem “montar” a burra, ou outra razão qualquer vos impede de prosseguir montado e fazer aquela terrível subida, pelo menos respeitem aqueles que o estão a tentar fazer, porque as subidas custam a todos. Não custa nada desviar para o lado e, em vez de ir criticando os betetistas que passam e vão pedindo para se desviarem, digam-lhes umas frases de apoio: “força pá, está quase!”, “dá-lhe aí!”. O mesmo acontece nas descidas. Se são dos que descem “nas calmas”, ou desmontam da “burra”, ou estão sem travões, ou outra qualquer razão vos impede de desfrutar daqueles magníficos trilhos, e virem que têm um betetista atrás de vocês que não consegue passar (especialmente nos “single tracks” e trilhos mais técnicos), cedam passagem. Aquela “maldita” subida foi difícil de superar mas, agora, a descida será uma GRANDE recompensa (pelo menos para quem gosta delas).
  • Desrespeito pelas regras de segurança: Não vou falar daqueles que não têm cuidado consigo mesmo (tiram capacetes, impõem ritmos a subir/descer contrários às suas condições físicas/técnicas, etc.) mas dos que não respeitam os restantes betetistas. Uma regra muito simples: nas descidas, aquando das ultrapassagens, façam-se ouvir com antecedência e avisem o lado de ultrapassagem. Não esqueçam que há sempre a possibilidade de o betetista que vão ultrapassar ser um estreante e “fazer asneira”, aleijando-se e aleijando-vos.

Poderia continuar a “desabafar” sobre outras coisas que me desagradam em muitos dos actuais betetistas, mas vou apenas referir mais uma: a falta de solidariedade. Acho triste que, num passeio, um betetista esteja no monte com um problema na bike e outro ao passar por ele não pare porque quer terminar a “prova” dentro dos “tempos” que tinha previsto. “Prova”? “Tempos”? Aqui está um dos problemas que “mais me irrita” actualmente. Um passeio, mesmo na modalidade de maratona, É UM PASSSSSEIIOOO!!! Acho lamentável e ridículo quando me dirijo aos fóruns para ler o rescaldo dos passeios em que participo e, dentro das críticas apontadas à organização, leio coisas como: “devia haver um registo de tempos”; “fiz a prova em 3H30 e quando cheguei à meta, já lá estavam atletas que não passaram por mim”, etc, etc, etc. Que fique claro, de uma vez por todas, que um passeio é um passeio, e é realizado por betetistas que vão divertir-se graças a alguém que resolveu proporcionar-lhes esse prazer, não se trata de uma “prova” cujos “atletas” estão preocupados com os “tempos” e a sua chegada à “meta”. Para isso existe uma coisa chamada “competição”. O que acontece é que estes “supostos” atletas quando participam numa verdadeira competição fazem “figuras tristes” e depois inscrevem-se nos passeios para “armar-se em bons” no meio dos “pequenos”.

Vou continuar a participar em todo o tipo de passeios, embora não ache muita piada à modalidade “maratona” pelas razões que acabei de falar. Gosto de andar nas calmas, tirar fotografias, apreciar as subidas, apreciar as paisagens, fazer novos “amigos betetistas”, apreciar as descidas, reconfortar-me com os belos repastos que são apresentados no reforço, ajudar “com uma palavra amiga” aqueles que vão em dificuldades, participar nos almoços convívio onde se debate as partes boas e menos boas do passeio, etc, etc, etc, … e tudo isto, sem me preocupar com as horas, porque já basta a semana de trabalho para olhar para o relógio. Se tenho um compromisso no dia do passeio e tenho dúvidas sobre a possibilidade de comparecer, só tenho duas soluções, ou não vou ao passeio, ou adio o compromisso. Vou continuar a fazer o que sempre fiz: ter um belo dia de BTT, onde liberto o stress e recarrego as baterias para mais uma semana de trabalho.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...